[I] Os críticos de arte e comentadores da obra de Partenheimer, sejam eles europeus, chineses ou brasileiros, freqüentemente apontam para o caráter meditativo, aéreo, alegre, imaginativo, e até mesmo lírico de seus desenhos e pinturas, sem esquecer, obviamente, do enigmático equilíbrio que torna sua obra inconfundível, e do silêncio que parece habitá-la (que se pense nas séries do Diário Romano, de Carmen, de De Coloribus, de…
Adilson Rosa é o artista das montanhas de São Francisco Xavier, de suas terras, águas, florestas. Porque seu trabalho de escultor, trabalho singularíssimo, consiste em reativar a potência de vida que brota aqui.
Filho da terra, ele sabe que metade da criação de suas esculturas em madeira nobre é obra das forças da natureza – do fluir das águas correndo entre as pedras, do sopro dos ventos, da ação insistente, minúscula, dos insetos embaixo da terra, do fustigar do sol… São elas que se encarregam de moldar e modular a “matéria-prima”, deixando-a no ponto de solicitar o olhar agudo do artista, que nela vai discernir um gesto, um vulto, um afeto, um apelo, um bicho, em suma um despertar de figuração que quer tomar forma.
Esculpir, então, é uma tarefa ao mesmo tempo modesta e grandiosa: significa limitar-se a intervir para fazer a madeira morta renascer. Não para a mesma vida de antes – as criaturas ganham vida nova e passam a existir no mundo da arte, atualizando, enquanto objetos estéticos, seu passado de floresta.
Da madeira morta à madeira viva. Co-movido por essas forças, o espectador, ao vê-las, é levado a querer tocá-las, abraçá-las.
Exposição Aqui Mesmo – esculturas de Adilson Rosa
Curadoria: Laymert Garcia dos Santos e Marcelo Escanuela
Texto: Laymert Garcia dos Santos
Vídeo: Stella Senra e Miguel Saad
Fotografia: Miguel Saad
Serviço: de 03 a 25/02/2018 – Villa K2 – Largo São Sebastião, 37, São Francisco Xavier – SP
